sábado, 29 de março de 2014

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Eu sempre sonhei demasiadamente e acreditava que o reconhecimento diante da mais esplendorosa obra seria acometido por pessoas de um ser sensível ignóbil. A totalidade do universo criado pelo eu lírico pensante foi aos poucos se relacionando com o mundo vivente e criando referências que apenas poderiam ser percebidas por aqueles que possuíam pelo menos os requisitos médios de um texto meia-boca. Ao cerrar os olhos, imaginava as belas campinas verdes e os riachos escuros de uma terra longínqua a qual me era inatingível. Após acordar sofria, aos prantos, diante da velha realidade que sorria ao envolver-me em seus braços ásperos...

sexta-feira, 21 de março de 2014

Sujeito Qualquer

Cidade hipotética X, data não especificada, sujeito qualquer.
Em nome de ninguém, venho a escrever esta mísera e inútil carta para demonstrar o quão insignificante minhas palavras organizadas sistematicamente em um pedaço de papel virtual podem ser. Ao longo de décadas, vivo simplesmente a custa de sujeitos alheios e sirvo apenas para reproduzir o que já foi dito e comer o que foi plantado por outros sujeitos quaisquer. Minhas roupas? Marcadas com desenhos que simplesmente confirmam a consideração do ser como mercadoria.
Tenho sentimentos mas não posso expressá-los! Pois um homem, vil criatura nascida de uma suposta evolução de mamíferos, ser que possui sede de matança, patrocinador do caos, amante da discórdia, não poderia possuir tais virtudes. No momento estou sentado em um quarto empoeirado,escutando a sinfonia No.1 de Piotr Tchaikovsky e aproveitando mais uma sessão de superioridade em cima daqueles que consideram a arte como infame. Há muito não sei diferenciar o dia da noite, e um dos poucos gostos que ainda consigo sentir é o gosto de um bom e velho Whisky e de um cigarro barato entre meus lábios ressecados. Durante toda a minha vida fui rejeitado e menosprezado por aqueles que simplesmente acreditavam que a vida era um eterno vaudeville ou até mesmo por aqueles que desde pequenos sonhavam em ter uma vida de deuses. Ainda em minha época de inocência, tive o desprazer de conhecer a vida como ela realmente é e mudar a minha concepção de mundo em relação ao cruel lugar onde nasci. Agora, no fim da vida, apenas aguardo a morte de braços abertos e desejo sorte à aqueles que chegam e acreditam em mudar o mundo.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Uma crônica sem nome.

O último olhar diante da morte absoluta é a representação concreta dos medos primitivos sobressaltando-se sobre o ser sensível. Por mais que um pássaro não seja considerado um ser pensante, considerei-o como um. Com total consciência do que iria acontecer, olhou-me penoso,
exaltando-se na última esperança pré-morte. Em seguida, deixou-se cair sobre as asas e esperou a última pedra chocar-se contra o seu esqueleto magro e coberto de penugens. 
As primeiras gotas de chuva caíram-lhe como lágrimas diante de um ser mísero e raquítico, rejeitado pelo destino e acolhido por velhos troncos e folhas mortas. 
O caçador, socialmente aceito como um homem de bravura inestimável, mirou a última pedra...

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Apenas uma crônica qualquer ... ( Texto Incompleto )

   Russel sempre teve problemas comportamentais . Aos cinco anos de idade, cortou o braço do irmão com um canivete cego deixado no criado mudo pelo pai. Aos oito, ele já havia enjaulado gatos e os deixado encarcerados até a morte. Sentimental, escutava How can I? ( Nina Simone) com o fervor de um menestrel enlouquecido pelo júbilo das palavras. Mas estes e outros casos são apenas contos passados.
   Agora ele já é um homem formado. Barba negra, óculos escuros, chapéu Zimmerman e roupas de corte fino. Bebia Whiskey com a elegância de reis. O sino da igreja tocava,marcando meia-noite. Russel caminhava em uma das vielas suburbanas sujas,pavimentada com pedra negra lisa. Entre os lábios estava um bom e velho charuto Vegas Robaina recém-aceso. 
   

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Prólogo

Há muito tempo atrás , neste mesmo espaço virtual, havia sido criado um dos mais importantes blogs vistos até então ( Hipérbole ) . Em seguida , como todo grande império, entrou em declínio até chegar nas mais baixas camadas e se chocar contra a força da realidade. Eu ( "Grã-Criador") , destronado pelo destino e obrigado a caminhar por longos caminhos em um sol estonteante , percebi que um reino precisa do seu rei tanto quanto os poetas das estrelas. Em meio ao caos e a desordem , ponderei-me por alguns instantes diante da fonte da vida e levantei a velha bandeira nesta terra de selvagens.